O modelo burocrático de organização,
baseado nas ideias de Max Weber, surgiu como uma resposta às limitações das
teorias administrativas anteriores, como a Teoria Clássica e a Teoria das
Relações Humanas. Enquanto a Teoria Clássica focava em estruturas rígidas e
mecanicistas, e a Teoria das Relações Humanas se concentrava nos aspectos
emocionais e interpessoais, a Teoria da Burocracia oferecia um enfoque mais
racional, sistemático e abrangente.
Weber observou que as organizações precisavam de
uma estrutura eficiente, baseada em normas e procedimentos claros, que não
dependessem de indivíduos específicos, mas sim de regras impessoais que
pudessem ser aplicadas a qualquer pessoa em qualquer função. Ele também
destacou três tipos de autoridade dentro das sociedades: tradicional,
carismática e legal-racional (ou burocrática), sendo esta última a mais
associada à burocracia moderna.
Características da Burocracia segundo Weber:
1. Caráter legal das normas e regulamentos: As
normas são estabelecidas por escrito e devem ser seguidas rigorosamente.
2. Caráter formal das comunicações: As comunicações
são registradas formalmente, garantindo clareza e documentação.
3. Caráter racional e divisão do trabalho: A
divisão do trabalho é organizada racionalmente para alcançar eficiência.
4. Impessoalidade nas relações: As relações são
baseadas em cargos e funções, e não em características pessoais.
5. Hierarquia da autoridade: A estrutura
organizacional é hierárquica, com cada cargo subordinado a um superior.
6. Rotinas e procedimentos padronizados: As
atividades são realizadas de acordo com normas e procedimentos estabelecidos.
7. Competência técnica e meritocracia: A seleção e
promoção dos funcionários são baseadas em mérito e competência.
8. Especialização da administração: Há uma clara
separação entre propriedade e administração, com os administradores sendo
profissionais especializados.
Weber argumentava que a burocracia era o modelo
mais eficiente de organização, sendo caracterizada pela previsibilidade,
especialização e controle impessoal. No entanto, o modelo burocrático também é
frequentemente criticado por seu apego excessivo a regulamentos, o que pode
levar à ineficiência e à desumanização das relações de trabalho.
Disfunções da Burocracia
Os principais objetivos do burocrata podem ser
resumidos como o cumprimento das normas e regulamentos da organização e a
execução eficiente de suas tarefas dentro dos limites estabelecidos pela
hierarquia. No entanto, ao seguir esses objetivos, surgem disfunções
burocráticas que afetam tanto os funcionários quanto a eficácia da organização.
1. Excesso de Formalismo e Papelório: A burocracia
é caracterizada pela necessidade de formalizar todas as comunicações e
documentações, o que pode levar ao excesso de papelada e ao acúmulo de
formulários, resultando em um processo altamente ineficiente.
2. Resistência às Mudanças: Os funcionários,
acostumados a rotinas e procedimentos previsíveis, tendem a resistir a mudanças
que possam ameaçar sua estabilidade. Isso resulta em uma aversão à inovação,
com os funcionários preferindo a segurança da rotina estabelecida.
3. Despersonalização do Relacionamento: A
impessoalidade da burocracia enfraquece os relacionamentos entre os
funcionários, que passam a se enxergar como ocupantes de cargos, em vez de
indivíduos com identidades pessoais. Isso desumaniza as interações no ambiente
de trabalho.
4. Categorização no Processo Decisório: Decisões
são frequentemente tomadas com base na hierarquia, em vez do conhecimento sobre
o assunto. Isso pode limitar a busca por soluções inovadoras e eficientes, já
que o foco está em manter a ordem hierárquica, e não na resolução dos problemas
de maneira eficaz.
5. Superconformidade às Rotinas e Procedimentos: A
rigidez burocrática impõe uma conformidade extrema às regras e procedimentos, o
que pode sufocar a criatividade e a iniciativa dos funcionários, tornando-os
meros executores de tarefas.
6. Exibição de Sinais de Autoridade: A burocracia
enfatiza a hierarquia de autoridade, muitas vezes demonstrada por sinais
externos, como uniformes, salas especiais ou privilégios, que servem para
reforçar a posição de poder de certos indivíduos dentro da organização.
7. Dificuldade no Atendimento ao Público: A ênfase
nas normas internas muitas vezes cria conflitos com os clientes externos, que
se sentem desatendidos e despersonalizados, gerando insatisfação e dificuldades
no atendimento ao público.
Essas disfunções mostram que, apesar de seu
objetivo de organização e eficiência, a burocracia pode se tornar rígida,
desumanizante e ineficaz quando suas normas são seguidas de forma extrema, sem
considerar as necessidades dos indivíduos e do ambiente externo.
Referências
3.1 CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à
teroria geral da administração: uma visão abrangente da moderna administração
das organizações. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.
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