Seminário 03 - Teoria Clássica da Administração

Teoria Clássica da Administração

A Teoria Clássica da Administração, desenvolvida por Henri Fayol, enfatiza a importância da estrutura organizacional para alcançar a eficiência. Diferente da Administração Científica, que se concentra na tarefa realizada pelo operário, a Teoria Clássica aborda a organização como um todo, partindo da sua estrutura para garantir a eficiência.

Contexto Histórico

A Teoria Clássica surgiu na segunda década do século XX, um período marcado pela Primeira Guerra Mundial e grandes avanços em transporte e comunicação. Nesse cenário, Fayol, um engenheiro francês, publicou em 1916 seu livro "Administration Industrielle et Générale", sistematizando suas ideias sobre a administração.

Funções Básicas da Empresa Segundo Fayol

Fayol identificou seis funções básicas nas empresas:

1. Técnicas: Produção de bens ou serviços.

2. Comerciais: Compra, venda e permutação.

3. Financeiras: Procura e gerência de capitais.

4. Segurança: Proteção de bens e pessoas.

5. Contábeis: Inventários, registros, balanços, custos e estatísticas.

6. Administrativas: Integração das outras funções, coordenando e sincronizando-as.

Conceito de Administração

Para Fayol, administrar é prever, organizar, comandar, coordenar e controlar. Esses elementos são as funções do administrador e são aplicáveis em todos os níveis hierárquicos da empresa.

Funções Administrativas

1. Prever: Visualizar o futuro e traçar o programa de ação.

2. Organizar: Constituir o organismo material e social da empresa.

3. Comandar: Dirigir e orientar o pessoal.

4. Coordenar: Unir e harmonizar todos os esforços.

5. Controlar: Verificar que tudo ocorra conforme as regras.

Princípios Gerais da Administração

Fayol estabeleceu 14 princípios gerais:

1. Divisão do trabalho: Especialização para aumentar a eficiência.

2. Autoridade e responsabilidade: Direito de dar ordens e esperar obediência.

3. Disciplina: Obediência e respeito às normas.

4. Unidade de comando: Cada empregado deve receber ordens de um único superior.

5. Unidade de direção: Um plano para cada conjunto de atividades.

6. Subordinação dos interesses individuais aos gerais: Os interesses da empresa sobrepõem-se aos individuais.

7. Remuneração: Justa e garantida para empregados e organização.

8. Centralização: Concentração da autoridade no topo.

9. Cadeia escalar: Linha de autoridade do escalão mais alto ao mais baixo.

10. Ordem: Um lugar para cada coisa e cada coisa em seu lugar.

11. Equidade: Justiça e amabilidade para alcançar lealdade.

12. Estabilidade do pessoal: Menor rotatividade aumenta a eficiência.

13. Iniciativa: Capacidade de visualizar e assegurar o sucesso de um plano.

14. Espírito de equipe: Harmonia e união entre as pessoas.

Divisão do Trabalho e Especialização

A Teoria Clássica destaca a importância da divisão do trabalho, tanto vertical (segundo níveis hierárquicos) quanto horizontal (segundo tipos de atividades), para alcançar eficiência.

Coordenação e Linha e Staff

Fayol também enfatiza a importância da coordenação e distingue entre autoridade de linha (de comando) e de staff (de assessoria).

Críticas à Teoria Clássica

As principais críticas incluem:

1. Abordagem simplificada da organização formal: Desconsidera aspectos psicológicos e sociais.

2. Rigidez e inflexibilidade: Esquemas preestabelecidos sem adaptação a situações específicas.

3. Desconsideração das relações informais: Ignora a dinâmica das relações informais na organização.

4. Visão mecanicista do ser humano: Enxerga o trabalhador como uma máquina, desconsiderando suas necessidades e motivações.

Apesar de suas limitações e críticas, a Teoria Clássica da Administração é fundamental para entender a evolução da administração e a estrutura organizacional moderna.

Teoria Clássica e as Atuais Práticas de Administração

A Teoria Clássica da Administração, desenvolvida por Henri Fayol no início do século XX, estabeleceu os fundamentos para a gestão organizacional moderna. Embora muitos dos seus princípios ainda sejam relevantes, as práticas atuais de administração foram moldadas por uma série de fatores sociais, econômicos e culturais que transformaram a maneira como as organizações são geridas.

Fatores Sociais

1. Diversidade e Inclusão: As organizações modernas reconhecem a importância da diversidade e da inclusão, promovendo equipes diversificadas para fomentar a inovação e a criatividade. Diferente da visão homogênea da Teoria Clássica, a inclusão de diferentes perspectivas culturais e sociais é vital.

2. Responsabilidade Social Corporativa: As empresas atuais são pressionadas a atuar de maneira ética e responsável, contribuindo para o bem-estar social e ambiental. Esta prática vai além do foco exclusivo na eficiência e no lucro preconizado por Fayol.


Fatores Econômicos



1. Globalização: A expansão global dos negócios exige práticas de gestão que considerem as variações econômicas e culturais de diferentes regiões. A centralização de decisões é, muitas vezes, substituída por uma abordagem mais descentralizada e adaptável.

2. Tecnologia e Inovação: O avanço tecnológico transformou radicalmente as operações empresariais. A automação e a digitalização requerem novas habilidades e a adaptação constante dos princípios clássicos de gestão para manter a competitividade.

Fatores Culturais

1. Mudança de Valores Organizacionais: As organizações atuais valorizam a flexibilidade, a criatividade e a adaptabilidade, contrastando com a rigidez e a disciplina extrema da Teoria Clássica.

2. Gestão de Conhecimento: A ênfase na educação contínua e no desenvolvimento pessoal é crucial. As empresas incentivam a iniciativa e a inovação dos funcionários, alinhando-se aos princípios de iniciativa e espírito de equipe de Fayol, mas de uma maneira mais dinâmica e participativa.

Integração de Teorias e Práticas

1. Combinação de Teorias: A administração moderna integra conceitos de várias teorias, incluindo a Teoria das Relações Humanas, Teoria dos Sistemas, e a Teoria Contingencial, criando um ambiente de gestão mais holístico e adaptável.

2. Enfoque em Pessoas: Além da eficiência organizacional, as práticas atuais enfatizam o bem-estar e a motivação dos funcionários, reconhecendo que a satisfação do empregado é fundamental para o sucesso da organização.

Conclusão

Embora a Teoria Clássica da Administração tenha estabelecido a base para a gestão organizacional, as práticas modernas evoluíram para incorporar uma ampla gama de fatores sociais, econômicos e culturais. A adaptabilidade, a inclusão, a responsabilidade social e a integração de novas tecnologias são essenciais para a gestão eficaz nas organizações contemporâneas.

Referências

CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teroria geral da administração: uma visão abrangente da moderna administração das organizações. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. 


Comentários